Quando pensamos
em ter um filho, o desejo a
idealização de uma criança são aumentados. A herança genética nos dá a
sensação de continuidade em nossos filhos.
Ao se deparar com a
infertilidade, após o início dos tratamentos possíveis com os avanços da
medicina e mesmo assim não conseguindo atingir a gestação sonhada, muitas
pessoas buscam na adoção uma forma de compensar essa impossibilidade
fisiológica, projetando no filho adotivo a mesma idealização do biológico.
É uma coisa
muito individual, cada casal tem um
tempo para processar esse luto pela infertilidade, e é importante que nessa
fase o casal converse sobre o assunto quantas vezes precisar junto a seu
médico.
A adoção se
torna então uma nova construção do sonho. É preciso pensar e refletir, e
principalmente se preparar com informação, participação nos Grupos de Apoio
e até mesmo Psicoterapia se necessário, especialmente quando um dos
cônjuges não tem tanta certeza sobre a adoção.
O filho
idealizado não é o filho real na adoção. As crianças disponíveis nem sempre
possuem as mesmas características físicas dos pretendentes a adoção, serão
diferentes e deixarão claro a todo instante que são filhos que vieram pela
adoção.
Para adotar é
preciso querer exercer o papel de pai e mãe de uma outra forma. No Brasil, as
crianças disponíveis para adoção são aquelas abandonadas pelos pais
biológicos, que por sua vez foram abandonados pelo Estado. Para aderir à
adoção é preciso ter bem resolvido internamente de que a todo instante o
casal enfrentará olhares (quando a cor da criança for diferente da do
casal) e o preconceito racial e social que será inevitá vel acontecer
(muitas vezes dentro da própria família e do círculo de amigos). Lidar com
a própria frustração em não poder gerar, em não ter o filho sonhado, e
assumir essa condição é imprescindível antes de se concretizar a adoção.
Nem todos conseguem lidar com isso, e é preciso respeitar, pois são
questões internas que precisam ser pensadas e elaboradas.
Além disso,
crianças com mais de 3 anos, a chamada adoção tardia, chegarão com uma
história já vivida e a memória de tudo o que foi vivenciado. Na adoção é
preciso atender as necessidades dessa criança, auxiliá-la a conseguir
“juntar os caquinhos” e se recuperar, crescer e amadurecer. É preciso
construir o vínculo, construir o amor a cada dia (dentro de você e na
criança) e conseguir conciliar as necessidades da criança com a necessidade
dos pretendentes em ter uma família.
Adotar nem sempre é a solução imediata para a infertilidade. O casal
precisa refletir muito, pelo filho que não pode gerar, e ter consciência
das particularidades que envolvem a adoção, além do sentimento e a vontade
de se tornarem “pai” e “mãe”. Enfrentar os próprios medos e preconceitos,
ser capaz de aceitar outro ser diferente de você (geneticamente e
socialmente), estar pronto para auxiliar essa criança a crescer e atingir
seu potencial máximo, aceitar as limitações emocionais e lidar com a
própria frustração em não conseguir o filho idealizado, mas aceitar e amar
o filho real.
FABÍOLA
PECE comenta: Não tomem nunca essa
decisão precipitadamente, somente quando vocês estiverem bem conscientes de
tudo que poderão enfrentar para que não despejem na criança adotada todas
as raivas e frustrações que, por ventura, possam ocorrer. Acho um ato de
amor maravilhoso, porém a criança que será adotada não terá culpa e já foi
rejeitada uma vez, de novo será muito penoso para ela.
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