23 abril 2012

O pré-natal após a gravidez obtido por fertilização "in-vitro" (FIV)



Acompanhamento
Recomenda-se o teste de gravidez (dosagem da fração beta da gonadotrofina coriônica ou beta-hCG) cerca de 12 dias após a transferência de embriões. Um valor superior a 25 UI/ml é considerado gravidez. Quando esses valores duplicam a cada dois dias consideramos gravidez de boa evolução.


O primeiro exame de Ultra-sonografia (transvaginal) deve ser realizado cerca de 20 a 25 dias após a transferência dos embriões para o útero. É importante verificar nessa fase o número de sacos gestacionais implantados e se a implantação ocorreu no lugar certo (rastreamento da gravidez extra-uterina).
  Um novo exame de Ultra-som deve ser realizado entre a 6ª e 7ª semana de gravidez para verificar o bom desenvolvimento embrionário. O ideal nessa fase é que o embrião cresça cerca de 1 mm por dia, tenha batimentos cardíacos acima de 100 bpm e que seu invólucro (saco gestacional) seja de contornos regulares. Quando os parâmetros acima são observados, raramente acontece um aborto.

Um novo controle ultra-sonográfico deve ser realizado entre a 8ª e 9ª semanas de gestação para verificar a formação dos primeiros órgãos fetais, o cordão umbilical, a vesícula vitelina e a futura placenta. Nas gestações múltiplas (gêmeos, trigêmeos, etc) determina-se nessa fase se os embriões estão na mesma placenta ou na mesma bolsa de líquido, fatores que aumentam o risco gestacional.
  Há necessidade de suplementação hormonal a base de estrógeno e progesterona em doses recomendadas pela clínica de fertilização. Esses hormônios auxiliam a implantação do embrião e reduzem as taxas de aborto.
A consulta obstétrica já pode ser realizada a partir desse momento, quando todos os cuidados preventivos e de seguimento serão orientados.
Muitas mulheres que se submetem à FIV ou indução da ovulação são portadoras de certas doenças que podem atrapalhar o desenvolvimento do embrião. Dessa forma, a rotina de consultas e de exames é um pouco diferente da rotina habitual.
Aconselha-se consultas obstétricas no mínimo quinzenais até a 28ª semana de gestação. A partir daí até o termo da gravidez as consultas passam a ser semanais e às vezes 2 a 3 vezes por semana, dependendo do risco gestacional associado.
Entre a 10ª e 12ª-13ª semana de gravidez fazemos o exame da Transluscência Nucal para verificação do risco de desenvolvimento da Síndrome de Down e outras doenças que alteram o número de cromossomas. É a medida da espessura da "pele" da nuca do bebê através da ultra-sonografia de alta resolução. Uma espessura maior que 25 mm indica a análise genética do bebê, através da biópsia de vilo coriônico (retirada de um pequeno pedaço de futura placenta por volta da 10ª semana) ou da amniocentese retirada de um pouco de líquido amniótico por volta da 16ª semana).
  Fazemos também, nessa fase, a análise do fluxo de sangue no Ducto Venoso Fetal (um pequeno vaso sanguíneo que comunica o coração fetal com a circulação umbilical) para verificação de malformações. Uma alteração do fluxo, medido através da ultra-sonografia com Doppler Colorido, pode indicar a presença de malformações cardíacas, que devem ser confirmadas por volta da 20ª semana de gravidez.
Você pode notar que o acompanhamento dos primeiros três meses é de extrema importância. Há vários exames que devem ser realizados para um acompanhamento ideal. No entanto, muitas grávidas só procuram o obstetra após o terceiro mês, e essa não é a conduta adequada.
O seguimento continua sendo quinzenal para se verificar o crescimento fetal adequado e as modificações do organismo materno, principalmente quando há risco obstétrico, ou seja, doenças materno-fetais que possam comprometer o êxito da gestação (fatores de risco).

  
Os fatores de risco
  - Gestação Múltipla
  - Gestante "Idosa" (acima dos 35 anos)
  - Gestante acima dos 40 anos que receberam doação de óvulos ou embriões.
  - Incompetência Cervical/Cerclagem do colo uterino (um procedimento cirúrgico para manter o feto dentro do útero).
  - Hipertensão Induzida pela gravidez
  - Infecção Urinária
  - Anemias
  - Síndrome dos Ovários Polimicrocísticos
  - Anorexia nervosa e Bulimia
  - Miomatose uterina (presença de miomas no útero)
  - Rotura Prematura das Membranas (atual ou anterior)
  - Trabalho de Parto Prematuro anterior ou durante a gravidez atual.
  - Hemorragia persistente no 1º, 2º ou 3º trimestres
  - Retardo de Crescimento Intra-uterino.
  - Hipertensão Arterial Crônica
  - Hipertireoidismo e Hipotireoidismo
  - Doenças Cárdio-vasculares e Pulmonares
  

Ultra-sonografia Morfológica Fetal
  Por volta da 18ª a 22ª semana de gestação fazemos a Ultra-sonografia Morfológica Fetal. É um tipo de específico de exame de ultra-som onde todos os detalhes dos órgãos e sistemas do feto são examinados com detalhes. Cerca de 85% das anomalias fetais são detectáveis por esse exame. Todos os ossos longos são medidos e comparados. As estruturas cerebrais já formadas são medidas e analisadas em seus mínimos detalhes, inclusive a circulação sanguínea do cérebro. O pescoço e seus componentes, a coluna fetal, o tórax - com o coração e os pulmões, o diafragma (músculo que separa o tórax do abdome), o abdome e seu conteúdo - fígado, vesícula biliar, baço, estômago, intestinos, rins, bexiga, grandes vasos sanguíneos do abdome e outros, os genitais externos e internos e o ânus.
  Vários estudos mais atuais conseguiram demonstrar que existem alguns "marcadores" ultra-sonográficos de defeitos fetais, como por exemplo o encurtamento do fêmur (osso da coxa), alterações das medidas da relação fêmur/pé, tamanho das orelhas e outros. A observação dessas pequenas alterações pode indicar uma análise genética fetal.


Avaliação da Vitalidade Fetal
  Avaliação da Vitalidade Fetal
  A partir da 26ª - 28 ª semana de gestação inicia-se o acompanhamento da vitalidade fetal através da medida do fluxo sanguíneo umbilical e cerebral. São parâmetros verificados pelo Ultra-som com "Color Doppler". A relação entre os fluxos de sangue nas artérias umbilicais e artérias cerebrais médias pode indicar se o feto está mal oxigenado. A verificação do fluxo de sangue, através do ultra-som "Doppler", nas artérias uterinas, também pode indicar a presença de patologias maternas ao nível da placenta, que podem atrapalhar o crescimento e desenvolvimento fetal.
A análise dos movimentos e atividade respiratória fetal associada às respostas cardíacas espontâneas a tais movimentos (cardiotocografia basal) - denominado Perfil Biofísico Fetal - também pode determinar se feto está mal oxigenado dentro do útero, nos fazendo tomar as precauções adequadas para finalizar a gestação ou fazer um acompanhamento mais rigoroso, dependendo do grau da falha de oxigenação.
Essas análises se iniciam por volta de 26 semanas de gestação, que é o período em que o feto começa a ter alguma condição de sobrevivência fora do útero (os pulmões estão terminando a sua formação e o feto pesa cerca de 900 g). Graças à evolução dos serviços de berçário e neonatologia, fetos que necessitam nascer a partir dessa fase já têm boa chance de sobreviver, apesar do alto índice de complicações pós-natais, devido à prematuridade).
Os pediatras e neonatologistas costumam dizer que a melhor incubadora que existe é o útero materno. Sem dúvida, o papel do obstetra é manter o bebê nessa incubadora até o momento em que, ali dentro, ele não esteja submetido à má oxigenação e má nutrição.
  Quando as condições acima acontecem temos que retirar o bebê de dentro do útero e utilizar as incubadoras artificiais dos berçários atuais; graças a elas e aos neonatalogistas, bebês muito prematuros e com muito baixo peso são capazes de sobreviver e se transformarem em pessoas saudáveis e com qualidade de vida semelhante à população normal.
Desse modo, a conduta obstétrica é sempre expectante como o próprio nome diz (obstare = esperar), contudo, nos dias de hoje, além de saber esperar, o obstetra deve saber "vigiar" e ser um vigilante da mãe e do bebê.
 
                                                     

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