As pessoas geralmente se assustam com os
tratamentos de infertilidade por serem complexas, longas e muito invasivas,
principalmente a FIV, que utiliza muita medicação, geralmente injetáveis no
decorrer do ciclo.
A ovulação natural sem medicamentos – Como funciona
O ciclo menstrual culmina com a ovulação de um
único óvulo. O ovário contém milhares de óvulos, mas em todo ciclo menstrual
natural, somente um deles alcança o pico ovulatório. Esse processo inicia-se logo
após o começo da menstruação, quando o hipotálamo manda uma mensagem para a
hipófise liberar um hormônio chamado FSH (Hormônio Folículo Estimulante). Essa
substância estimula os ovários que escolhem, nesse ciclo natural, um folículo,
às vezes dois (gestação gemelar natural), para se desenvolver em de 10 a 14
dias, até a data da ovulação. Nestes dias do desenvolvimento, o folículo produz
o hormônio estrogênio, responsável pelo crescimento do endométrio no interior
do útero. Quando ele alcança o diâmetro aproximado de 18 a 20 mm – e isso
significa que já está maduro –, manda uma mensagem para a hipófise, que aumenta
o hormônio LH (Hormônio Luteinizante), e este determina a ovulação. Assim que o
óvulo se desprende do ovário e é captado pela tuba, deve, em 24 horas, entrar
em contato com os espermatozoides para fecundação. Após esse fenômeno,
inicia-se a migração pela tuba do embrião recém-formado, em direção à cavidade
uterina – percurso este que deve durar cerca de quatro dias. Neste momento
resta no ovário o corpo lúteo, que é a parte do folículo que ficou lá após a
ovulação, e inicia-se a produção do hormônio progesterona, que finaliza a
preparação final do endométrio para receber o embrião. Com a implantação do
embrião, o ovário mantém a produção de estrogênio e progesterona, causando um
ambiente ideal para o desenvolvimento do embrião e a integridade do endométrio.
Se não houver a implantação, ou seja, não ocorrendo a gravidez, os hormônios
desabam em 14 dias e ocorre a menstruação.
Todo esse processo serve de base para os
tratamentos de fertilização. Eles devem ser analisados caso a caso, levando em
conta a idade da paciente, os problemas médicos que envolvem cada caso e a
logística (distância da residência ou trabalho da paciente ao centro de
reprodução humana), além dos fatores financeiros, morais e religiosos. Os
tratamentos são diferentes uns dos outros, mas deve-se comparar as taxa de
sucesso de gravidez, desconforto, complicações e custo. Porém, todos os
processos usados têm o objetivo de aproximar ao máximo ao ciclo natural
ocorrido todos os meses na mulher.
Medicamentos orais nos tratamentos
As medicações visam melhorar a qualidade e o número
dos óvulos, porém este aumento deve ser bem monitorado pelo médico e
proporcional aos tratamentos executados. Obter muitos óvulos e arriscar a
gestação de múltiplos em nenhuma hipótese deverá ser objetivo dos tratamentos.
Esses medicamentos tem sua ação direta na hipófise, fazendo com que essa glândula
“acredite” não ter no organismo o estrogênio suficiente fabricado pelos
ovários. Desta maneira, a hipófise aumenta os níveis do FSH para compensação
daquele que está baixo, e assim produz um aumento do estímulo ovariano e,
consequentemente, mais óvulos. Esta medicação é útil nos tratamentos que visam
corrigir problemas de ovulação, por exemplo, os ovários policísticos.
Medicamentos injetáveis nos tratamentos
As medicações injetáveis, chamadas de Gonadotrofinas,
são as mais importantes utilizadas nos tratamentos de fertilização, pois são as
que levam aos melhores resultados. Esses medicamentos contêm o hormônio FSH,
que no corpo humano é fabricado pela hipófise e age diretamente sobre o ovário.
Os produtos comerciais com FSH produzidos pela indústria farmacêutica diferem
entre si pelo grau de pureza. O FSH puro é produzido pela técnica recombinante,
ao passo que outros tipos são obtidos por técnicas de purificação sofisticada
da urina de mulheres menopausadas . Ambas são eficazes e devem ser injetadas
diariamente por via subcutânea. O tempo de indução de ovulação para uma
paciente varia de 8 a 12 dias, o que se traduz no mesmo número de injeções
diárias. Existe uma nova medicação produzida pelo laboratório MSD que reduz o
número de aplicações de sete para uma única, de longa duração, o que diminui
muito o número de picadas e o inconveniente das injeções diárias, levando um
maior conforto para as pacientes.
As medicações hormonais para a indução da ovulação
já foram apontadas como responsáveis por câncer de ovário, mas até hoje nada
foi comprovado. O FSH é a medicação de escolha para a maioria dos tratamentos
de fertilização in vitro. Outra medicação importante é os bloqueadores da
ovulação, utilizados principalmente nos tratamentos de maior complexidade, pois
impedem que a ovulação ocorra antecipadamente e os óvulos sejam perdidos antes
de serem coletados, nos tratamentos de fertilização in vitro. Existem duas
categorias: os GnRH agonistas e os GnRH
antagonistas . Eles são aplicados por injeções subcutâneas ou via nasal (agonistas)
e inibem a elevação do hormônio LH, que causa a ovulação.
A escolha de um ou outro é indiferente e vai
depender de cada caso e do profissional que trata da paciente. Os agonistas são
administrados antes do início da estimulação ovariana, e os antagonistas,
aplicados de cinco a seis dias após o início da indução ovulação. Os agonistas
podem provocar efeitos colaterais como sudorese noturna, ondas de calor, secura
vaginal, dores de cabeça e eventuais reações alérgicas. Os antagonistas causam
menos efeitos colaterais, necessitam de menos picadas mas custam mais caro.
Entre outras drogas importantes está a gonadotrofina coriônica (hCG), injetável
por via subcutânea, que imita a ação do LH produzido pelo organismo. Assim,
esta medicação finaliza a maturação ovular. Deve ser utilizada em todos os
tratamentos de fertilização assistida, desde o coito programado até a
fertilização in vitro. Na primeira hipótese, definem o melhor momento para o
ato sexual ou inseminação artificial, e, na segunda, os óvulos são coletados 35
horas após a medicação ser injetada na paciente.
Após ocorrer a fertilização, alguns tratamentos
necessitam de suporte hormonal e, por isso, a progesterona deve ser
administrada por via intramuscular ou vaginal, em forma de creme ou
supositórios. Alguns centros de reprodução humana preferem a progesterona
injetável, uma vez que a via intramuscular é dolorosa e deve ser indicada em
casos específicos. Existem inúmeras drogas disponíveis que proporcionam ótimos
resultados, porém, o conhecimento científico e o bom senso na utilização das
medicações são essenciais para o sucesso dos tratamentos. Os efeitos colaterais
devem ser bem conhecidos pelos profissionais especialistas que as utilizam. O
ideal é se combinar os melhores resultados aos menores efeitos colaterais e
complicações .
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FABÍOLA PECE comenta: Para tudo existe o lado bom e o lado ruim. Se tiverem o grande objetivo de conseguir vencer a barreira da infertilidade, devem estar conscientes que usarão de técnicas artificiais e com elas,também medicações artificiais, que como sempre trarão desconfortos e certos efeitos colaterais. Mas, se tiverem conhecimento do que estão fazendo e estiverem confiantes no profissional escolhido, sigam em frente e acreditem....sempre. Não sejam pessimistas.
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