Todo casal com dificuldades para engravidar busca o auxílio dos
tratamentos de reprodução assistida, e geralmente espera sair desse processo
com um filho biológico. Porém, em casos como falência ovariana , menopausa
precoce ou quando a mulher possui óvulos em qualidade diminuída, a única alternativa seria a ovodoação.
A ovodoação seria um tipo de adoção diferente da tradicional,
mas para a mulher que realiza este procedimento, muitos dos aspectos
psicológicos envolvidos em uma adoção clássica também são vivenciados na
ovodoação. Há muitas mulheres que, negam para si mesmas o fato da adoção do
óvulo, acreditando terem gerado a criança em seu próprio ventre, o material
biológico é mesmo delas. Nestes casos, a negação inconsciente da necessidade de
se utilizar o óvulo de uma mulher doadora marca a dificuldade de aceitação
deste tipo de adoção, podendo, inclusive, gerar fantasmas posteriores ao
nascimento do bebê, caso esse conteúdo inconsciente venha à tona novamente, em
alguma outra etapa da vida.
Outro aspecto emocional que pode ser desencadeado com a
ovodoação é a fantasia de traição por parte do marido, através da fecundação do
óvulo da doadora com o espermatozóide de seu companheiro.
Para casais que disputam poder dentro da relação conjugal, a
ovodoação pode potencializar conflitos e ainda vir a prejudicar um terceiro: a
criança.
Porisso o uso da ovodoação precisa ser cauteloso e requer um
acompanhamento psicológico.
Apropriar-se do óvulo de outra mulher “como seu” requer um
trabalho interno (psicológico) de elaboração desse processo, uma vez que para
algumas mulheres, a ovodoação pode representar a frustração de não poder gerar
um filho com seus próprios óvulos. Enquanto para outras, a experiência da
ovodoação se traduz numa vivência de gratidão a alguém que não se conhece, mas
que foi fundamental para entregar-lhe um presente para toda a vida.
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FABÍOLA PECE comenta: Eu já doei óvulos e sempre pensei da
seguinte forma: estava ajudando uma pessoa que
tinha problemas além dos meus; porém nem todas as mulheres pensam desta
forma. Pensando do lado da receptora, acho que o sentimento de paternidade e de
maternidade é independente do componente biológico, ele ocorre ao longo do
tempo, com a convivência, e a natural construção dos laços afetivos, assim como
em uma adoção clássica.
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